Silêncio
do tempo
de lucas cardoso
"Evocando o Tempo e o abraçando nas transições que atravessam o corpo (material e imaterial), me coloco em oferenda pelo que cresce para fora da minha pele, assim como os caramujos e outros moluscos d'água fazem quando morrem. Em seus ciclos, suas conchas se dissolvem na areia e se tornam matérias absorvidas por outros, que as utiliza como fonte para novas conchas vivas. Raspo minha cabeça em reverência a todos os renascimentos do corpo e evoco mais um nesse momento, sinto meu cabelo como uma concha possível para morrer e transmutar ainda em vida e em ritual. Eu desejo viver apesar de tudo e por tudo, ainda que eu seja uma bicha d'água, com conchas feitas de terra que se dissolvem em nascentes e mangues".
lucas cardoso